Lesões e Fraturas

Instabilidade crônica do tornozelo: sintomas e tratamento

Aprenda a reconhecer os sinais de instabilidade crônica do tornozelo e como tratar.

A instabilidade crônica do tornozelo ocorre quando os ligamentos laterais deixam de segurar a articulação com firmeza após entorses repetidas.

O paciente passa a sentir “falseios”, dor na borda externa e medo de torcer o pé em atividades simples.

Com diagnóstico e tratamento corretos prescritos por especialista em lesões do tornozelo, é possível recuperar a confiança e retornar ao esporte com segurança.

O que é instabilidade crônica do tornozelo?

É a falha persistente dos ligamentos do lado de fora do tornozelo, geralmente o talofibular anterior e o calcaneofibular.

Após uma entorse, esses ligamentos podem cicatrizar alongados ou parcialmente rompidos.

O resultado é a sensação de que o tornozelo “cede”, com episódios de torção em pisos planos ou durante mudanças rápidas de direção.

Principais sintomas

Os sinais variam de “insegurança” subjetiva a entorses objetivas de repetição.

A dor costuma localizar-se na face lateral, com inchaço, rigidez matinal e dificuldade em terrenos irregulares. Em atletas, o desempenho cai por medo de torcer.

  • Falseios frequentes ao caminhar ou correr.
  • Dor na borda externa do tornozelo.
  • Inchaço recorrente após esforço.
  • Rigidez e perda de confiança para saltos e mudanças de direção.
  • Entorses repetidas mesmo com pouco estímulo.

Causas e fatores de risco

A causa mais comum é a cicatrização inadequada após entorse por inversão.

Contribuem ainda desequilíbrio muscular, propriocepção deficiente, retomada precoce ao esporte e alinhamentos do pé que favorecem a torção.

  • Entorses anteriores sem reabilitação completa.
  • Hipermobilidade articular.
  • Retropé varo e outras variações anatômicas.
  • Lesões associadas dos tendões fibulares.
  • Instabilidade da sindesmose tibiofibular.

Como é feito o diagnóstico

Começa pela história clínica e exame físico detalhado (testes da gaveta anterior, inversão e eversão, rotação externa e compressão da sindesmose).

A avaliação da marcha e do alinhamento do retropé é decisiva.

  • Radiografias: incluem incidências com estresse para flagrar subluxação.
  • Ressonância magnética: mostra integridade ligamentar e lesões associadas.
  • Ultrassom: útil para tendões fibulares e avaliação dinâmica.
  • Tomografia: apoio em deformidades ósseas e planejamento cirúrgico.

Tratamento conservador

Na maioria dos casos, a instabilidade crônica do tornozelo responde bem à reabilitação estruturada. O foco é restaurar a força, controle neuromuscular e propriocepção, além de corrigir fatores que perpetuam o falso eixo.

  • Propriocepção e equilíbrio: exercícios em superfícies instáveis, saltos controlados e mudanças de direção progressivas.
  • Fortalecimento: ênfase nos eversores (fibulares) e cadeia do quadril.
  • Mobilidade: tornozelo e hálux para melhorar a mecânica da passada.
  • Órteses e fitas: suporte em treinos e jogos, reduzindo novos entorses.
  • Controle de carga: retorno gradual ao impacto seguindo dor e edema.

Em 6 a 8 semanas, os ligamentos cicatrizam, masalguns casos precisam de mais tempo para recuperar a força e controle motor.

Se, após protocolo completo, persistirem falseios mecânicos, avalia-se a cirurgia.

Cirurgia: quando indicar e como funciona

A indicação cirúrgica surge quando há instabilidade mecânica refratária à reabilitação ou quando deformidades e lesões associadas impedem a estabilidade. As técnicas vão de reparos a reconstruções.

  • Reparo ligamentar lateral: retensiona e reinserta os ligamentos.
  • Reconstrução ligamentar: uso de enxertos quando o tecido nativo é insuficiente.
  • Artroscopia: trata sinovites e lesões osteocondrais associadas e pode auxiliar no reparo.
  • Correções complementares: realinhamento do retropé, tratamento dos tendões fibulares e da sindesmose.

Reabilitação pós-operatória e retorno ao esporte

Os prazos variam conforme a técnica e lesões associadas, mas um roteiro comum ajuda a orientar expectativas.

  1. Semanas 0–2: proteção, controle de edema, mobilidade do pé e joelho fora da área operada.
  2. Semanas 2–6: ganho de amplitude, ativação dos fibulares e core, marcha progressiva.
  3. Semanas 6–10: fortalecimento avançado, pliometria leve, corrida linear.
  4. Semanas 10–16: mudanças de direção, drills específicos do esporte, teste funcional.
  5. Retorno: liberado após critérios objetivos de força, equilíbrio e ausência de falseios.

Prevenção de novas entorses

Prevenir é manter treino neuromuscular ativo mesmo após a alta. Calçados estáveis, troca periódica de tênis com sola gasta e progressão de carga bem planejada reduzem recidivas. Evite terrenos muito irregulares até recuperar confiança plena.

Quando procurar avaliação especializada

Procure um ortopedista de pé e tornozelo diante de entorses repetidas, dor lateral persistente por mais de três semanas, sensação constante de falseio ou limitação para treinar.

A avaliação precoce corta o ciclo “entorse–inchaço–repouso curto–nova entorse”.

FAQs

Instabilidade crônica do tornozelo sempre precisa de cirurgia?

Não. Muitos pacientes melhoram com reabilitação focada em propriocepção, equilíbrio e fortalecimento. Cirurgia é indicada quando há instabilidade mecânica persistente ou deformidades associadas.

Quanto tempo leva para voltar ao esporte?

Após reparo ligamentar não complicado, o retorno competitivo costuma ocorrer entre 10 e 16 semanas, seguindo critérios funcionais e ausência de falseios.

Órteses e bandagens resolvem o problema?

Elas reduzem o risco de nova torção durante a prática esportiva e dão confiança, mas não substituem a reabilitação nem corrigem instabilidade mecânica instalada.

Qual a diferença entre instabilidade funcional e mecânica?

A funcional é a sensação de insegurança sem frouxidão objetiva nos testes. A mecânica apresenta laxidez comprovada em exame e/ou imagens com estresse.

Instabilidade crônica do tornozelo pode causar artrose?

Sim. A falta de estabilidade altera a distribuição de cargas e aumenta o desgaste da cartilagem ao longo do tempo. Tratar cedo reduz esse risco.

Dr. Bruno Air

Especialista em cirurgia minimamente invasiva de pé e tornozelo em Goiânia, CRM/GO, SBOT e RQE. Fellowship em Cirurgia do Pé e Tornozelo no Massachusetts General Hospital – Harvard University e no Weil Foot & Ankle Institute – Chicago. Mestre e doutor em Ciências da Saúde pela UFG.

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Dr. Bruno Air